domingo, junho 12, 2011

Interiorísses

Não façamos comparações, mas você nem olhos de estrelas tem. Você tem um mundo inteiro, um universo todo dentro desses olhos fugitivos. Você, eu sei lá, devia descobrir mais sobre os mistérios que tem. Você deveria seguir sem olhar pra trás e eu deveria sumir pra não voltar mais. Não sei bem sobre o que mora aqui por dentro. Ou sei e não consigo dizer. Você é maior do que imagina, não sei se quando se vê, mas quando está dentro de mim. Fico falando desses dentros, dessas coisas totalmente interiores que quase não se pode entender. O que se pode é sentir. Deixar os medos e, no meu caso, desaparecer. Vou fazer outro mapa, dessa vez será o meu. Vou reorganizar as minhas estradas, consertar as destruições. Vou ser bem mais eu, vou ser só minha, passeando por dentro de mim. Vou te deixar seguir o seu caminho e não vou ser pedra. Vou ser pássaro voando no meu mundo, não no seu.

quinta-feira, junho 09, 2011

Pedaços que chamamos de vida

Mergulhei em um espaço de tempo que já passou. Revi amizades, amores. Revi todo tipo de relacionamento que tive. Olhei de perto momentos que passei com as pessoas que gostei. Amigas que saíam comigo só pra caminhar. Outras que brincavam de barbie, de casinha. A turma que brincava de esconder na praia... Relembrei os clubinhos, as brincadeiras de teatro. As brigas, as reaproximações. Depois me deixei ir, pra sabe-se lá um dia voltar ou.
Encontrei com pessoas que já foram embora. Tias avós, avô, amigas... Ganhei abraço do tempo e fiquei feliz por já ter vivido e por ter conhecido e feito parte da vida de tanta gente especial. Todo mundo que passou pela minha vida me fez crescer de certa forma. Até trocando bilhetinhos sobre qualquer besteira na escola. Brincando de balanço e de gangorra no parquinho da igreja. Trocando beijos e carinhos escondidos enquanto me traziam pra casa, caminhando devagar pra ver se o tempo colaborava e nos deixava ficar um minutinho a mais juntos. Sempre tive grandes amores. E com isso eu quero dizer que sempre amei muito também os meus amigos. Festivais de música, bebedeiras na praia. Mergulhei no tempo em que jogava vôlei e que eu não era boa nisso. Lembrei das partes difíceis e que também passaram. Depois de toda tempestade acabei descobrindo alguma coisa maior dentro de mim. Não recebia recompensas externas. Ninguém chegava e dizia: "Gabriela, aqui tem um amor novinho em folha pra você". Eu simplesmente crescia dentro de mim. Fui me tornando uma pessoa mais prática. Aprendi a dar valor pra situação que realmente merece valor... pras pessoas que merecem também. Tem gente que não enxerga nem o valor que tem.
Fui lá pr'aquele tempo em que o mais importante era fazer as tarefas e depois sair pra brincar de "congelar" no meio da estrada. Fui de novo brincar no túnel do terror da Xuxa que fazíamos com bichinhos de pelúcia. Cheguei naquele dia em que brincamos de fazer arco e flecha pro dia do índio e que fizemos casa de barbie em cima de um tapete, na casa em construção. Encontrei com a minha irmã com uns doze anos, me mandando limpar embaixo da árvore de carambola, porque eu só poderia brincar com ela se eu fosse a empregada. Fui pr'aquele dia em que a minha tia avó me deu um rider rosa como forma de me pedir desculpas por ter brigado comigo. Fui pro dia em que fiquei de papo no muro da casa da praia, dando risadas das placas dos carros que passavam. Cheguei no prézinho, no dia em que usei uma tesourinha pra cortar minha franja. Lembrei do dia que cheguei em casa com a franja cortada e dizia que não tinha feito nada. Escutei músicas, revi fotos, reli livro, poesias. Me encontrei com tudo o que tenho dentro de mim. É tudo tão grande e tudo tão bonito que, se pudesse, tiraria essas lembranças de mim e guardaria numa caixinha. Então eu penso que essa caixinha sou eu. Que eu sou quem eu sou por tudo o que me aconteceu. Pelas pessoas que conheci e passaram rápido. Pelas que ficaram. Pelas que vieram, ficaram por um tempo e foram embora. E é tão bom estar nessa viagem que é viver. Quero aproveitar tudo o que eu puder, devagar, sem nenhum atropelo. Eu quero mais é ser feliz!


(Eu tenho um tanto a mais de coisas pra contar. Tenho vontade de divisão e de saber também.)