terça-feira, novembro 11, 2008

De dividir o que é bonito

E essa vontade de dividir beleza. De deitar num peito, escutar um coração batendo devagar, calmo... de escutar um som de piano, assim bem bonito. De dizer que as tuas manchas marrons por dentro do verde dos teus olhos, atrás das tuas lentes que aumentam o grau daquilo que vês me intrigam e que eu gosto tanto. E essa vontade de te deixar bilhetes escondidos, cartazes colados. Queria te dividir tanto, com tanta gente, te mostrar essas coisas bem bonitas que os outros têm porque me tratam com tanto carinho, me dão colo, balas, cerveja, cigarros. Posso te mandar boas notícias, também. Porque do lado de cá, eu tenho colecionado tudo o que é bom. Amigos, afetos, carinhos, amores. Encosta teus dedos com delicadeza na palma da minha mão. Eu acarinho em cima dos olhos e te acalmo, te protejo de tudo. Até do que não se protege, porque me ensinaram que segurança não existe, que só existe a vida e o viver e eu quero, vida e viver assim, bem bonito. Silencia, porque te quero tanto bem. Deita no meu mundo, divido tudo com você.

domingo, outubro 19, 2008

E o que fica é só o amor

É que você não me dói. Você não me dói mais, sabia? E é tão bom sentir tua dor em mim esvair-se em solidão e te ver ali, sorrindo feito bobo. Te ver brincando de viver e vivendo as tuas brincadeiras me alegra e não me aperta o peito. Quero te ver ser assim, bonito. Te admiro tanto e gosto tanto do tamanho do teu abraço até quando não me serve e eu gosto que tu me sirva, mas não me dói mais saber que tu estejas vestindo outros braços. Não me dói e eu te amo. Te amo porque sim. Vai dizer que não? Vai me proibir de sentir amor por você, também? Meus amores não morrem, se transformam. Obrigada por transformar-se em amor puro, em mim. Eu te amo.



(meu amor mais bonito de olhos de estrela e dedos coloridos)


quinta-feira, outubro 16, 2008

Das urgências I

"Tenho algumas urgências e falar com você consta em um dos ícones da listinha. Tudo bem que está na listinha das urgências sem prazo, mas será que tens uma horinha sobrando nessa agenda conturbada? Se tiver, avise. É importante."

domingo, agosto 31, 2008

Sem luz, porque...

As tardes sempre tiveram muita claridade. Ambos gostavam da luz, mas ainda não tinham se visto fora dessas luzes artificiais criadas por lâmpadas ou fogo de isqueiros que acendiam os cigarros que ela tanto detestava.

Essas luzes artificiais que escondiam as imperfeições e mudava os pensamentos, fazendo encontrar beleza onde na verdade só havia uma vaidade querendo ou não encantar olhos alheios.

Os outros se aproximavam, quando ela estava só, mas logo que ele percebia, chegava perto dela, passando um braço pela cintura ou falando qualquer bobagem desnecessária. Que chegava perto dela, passando um braço pela cintura pra mostrar que mesmo não sendo, ela era só dele. E ele ria pra ocasião. Por fora. Do lado de dentro se rasgava e se enganava. Devia ser zelo ou algo parecido, já que agora, os dois, nem mais se tinham fisicamente.

Ela se mordia quando o via conversando com qualquer outra figura feminina. E achava inescrupuloso que os sorrisos dele já não aconteciam espontaneamente por causa dela.

Precisavam do sol para que se vissem apertando os olhos. Se irritavam, agora. Não concordavam com as coisas distintas e procuravam os motivos que os faziam ser juntos. Não encontravam. Fingiam que já nem importava mais e que de todos os últimos acontecimentos, o menos importante era o fato de não caberem mais nos seus abraços.

Deveria servir pra sempre. Ela sentindo uma necessidade imensa de tê-lo por perto, junto. Ele sentindo uma necessidade de fuga, de ser arrogante pra mandar o sentimento, que sabe-se lá, fosse só dela agora.

E das buscas de entendimento, preferia deixar como está. Deve de estar bom. Quando não pra um lado e sim pro outro, logo acontece alguma tempestade que arranca as árvores sem superficialidade, levando embora até as raízes e deixando somente um buraco fundo e dolorido, por não ter mais o que se ama plantado nas terras do coração. Que ele ainda mora nela e ela nele, também. Mas não se querem, não se podem e só se sabem. Sem luz, ou com, enquanto não mais se têm.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Endereçada a:

Meu amigo,

quis te escrever essa carta porque sinto falta de te contar muitas coisas. Te conto tudo em pensamento, mas agora começo a me dar conta de que tu não me ouves mais, quando faço silêncio. Às vezes quero te ligar, te encontrar pra tomar café e discutir sobre os livros que eu li e que tu não aprovaste, ou sobre as cidades que conhecemos e que concordamos ou não em alguns pontos. Sobre os bairros e as ruas mais bonitas... enfim. Essas coisas que fazíamos religiosamente de tempos em tempos e que agora já não fazemos mais.
De qualquer maneira, meu querido amigo, quero te contar que muitas coisas têm acontecido. Na verdade eu não sei exatamente o que acontece, mas me pego mergulhada nas ondas que chegam até mim sem escolha. Muitas coisas ao mesmo tempo. Escolhas também. Tu sabes bem como é! Agora, escolhi ficar só com minhas letras unidas em palavras de escrever e ler. De falar, não. Porque como tu já sabes, eu preciso sempre de sentidos e nem sempre os sons fazem sentido pra mim. E eu sei que agora tu lembraste do querido Mário Quintana, dizendo genialmente que quem faz sentido é soldado e que, "por isso, Mathilde, não se preocupe com os sentidos e nem com as direções". Sinto falta da tua esperteza e me pergunto pra onde ela pode ter ido. Sabe-se lá, não é? Deve ter ido dar algum sentido ou direção pra alguma outra cabeça cheia de nós. E veja só, acaba por tudo ser como sempre foi.
Eu tenho cantado também. Canto e sorrio muito. Me faz bem.
Também continuo com as caretas matutinas. Maior divertimento fazer caretas e sorrir pro espelho logo pela manhã. Tu continuas sorrindo, não é? É importante manter sempre teu sorriso alegre. Ele ilumina as pessoas que têm a ventura de te presenciar todos os dias. Eu continuo sorrindo pra mim e pra ti, pelas manhãs. Porque me olho no espelho e te vejo refletindo, nas minhas saudades.
Para me despedir não farei nenhuma recomendação. Eu sei que tu te cuidas bem sozinho e que a tua mãe te faz sempre todas as recomendações necessárias. Só te peço pra que me escreva contando sobre tudo o que acontece por aí.
E claro, não sei me despedir. Só te deixo um beijo.

Com carinho,
Mathilde.

terça-feira, julho 22, 2008

A cidade que se desbota

Certo, se você decidiu voltar, eu não poderia impedir, discordar e nem trancar as suas malas com cadeado. Não! Só poderia abrir os portões da minha cidade inversa e te deixar ir. Você que não soube entender meus reflexos e nem conseguiu entrar além das primeiras ruas e praças. Já nem lamento mais. Talvez você não tivesse mesmo preparo para se entregar à um lugar tão repleto de encantos profundos. De casas com sofás vermelhos e almofadas douradas. Você acabou deixando de lado tudo o que eu não saberia explicar em palavras e tudo o que se sente quando se vê a imagem refletida do lado inverso da cidade. Você foi embora pra continuar encantando olhos que têm a sorte de te contemplar todos os dias, ou quase. Que descobrem as belezas que você contém. Mas as belezas de cá são maiores porque se refletem e, apesar de duplas, são diferentes e se juntam numa só.
Te desejo uma boa viagem e se quiser, minhas portas estarão abertas pra você voltar. Só tome cuidado para não se perder, se por acaso decidir caminhar além da pequena entrada da cidade, de onde você não conseguiu passar.

domingo, julho 20, 2008

Sorrir e Agradecer - Agradecer e Sorrir

Pelas minhas "andanças" por flickr's de ilustrações/cartoons e afins, encontrei o Flickr da Juliana Panchiniaki. A moça desenha com o coração, além de possuir uma forte influência de bom humor nas ilustrações que faz, coisa que admiro e gosto muito!
O cartoon aí de cima foi feito inspirado no meu texto "Preciso mesmo explicar?". É um dos amontoados de palavras que mais fazem sentido pra mim.
E como a Juju já sabe, (na verdade, ela deve estar careca de saber) eu ADOREI o desenho!

E mais uma coisa super legal! Eu não sou de fazer esses tipos de postagens aqui no meu blog. Sempre o guardei pra textos pessoais mas que mereciam encontrar com as meninas dos olhos dos outros... enfim, o que quero dizer é que hoje, também ganhei um presente que me deixou muito contente e surpreendida. O Rômulo, que gosta do silêncio tanto quanto eu, presenteou meu blog com um selo. A surpresa foi tão grande, quando li falando sobre as cores do vento, que caí pra trás, literalmente. Muito obrigada, Rômulo!

Aproveitando a postagem pessoal, minha amiga Viviana hoje também me presenteou lindamente. Foi a um show que eu não pude ir e, na hora que a banda começou a tocar, meu telefone tocou e era ela, toda empolgada. Vivi, brigadão, viu?!

Então, eras isso.

sexta-feira, julho 04, 2008

As tuas palavras minhas

Procuro tuas rimas no dicionário
Que folheio sem me atentar
De que tu és o barulho que o vento faz em canção
Tu és toda essa presença
De sensações bem vivas
Que permanecem quando não estás
E toda essa saudade infantil
Do que já foi e do que ainda virá.
Me devolva suas palavras e
Desate os nós que me apertam a garganta
Querendo transformar-se em chuva
Que me lava a face
E escorre até o peito e seca
Por cada abraço estranho
Que visto sem servir.

domingo, junho 22, 2008

Apelo

Se me ensinares novas palavras, quem sabe, eu volte. Invente, me reinvente. Me refaça e me reconquiste. Traga-me as tardes que nos faltaram, com sol ou chuva. Não me convém decidir sobre as tuas escolhas. Me deixe datas comemoradas e comemoráveis dentro de um punhado soprado de poeira transparente. Nuble meus olhos com seus pedidos de socorro que quase já não mais escuto. Me traga novas palavras e novas fórmulas de usá-las. Muito obrigada por me ter ensinado a deixar qualquer coisa que não fosse minha, assim, de lado. Por ter jogado pra dentro essas minhas vontades de ir e ir e conhecer. Não sinto teu tato e nem teus olhares. Só tua vóz, que me sussura versos lindos, cheios de malícia e encanto. Me ensine novas palavras, que só assim eu volto e te reinvento.

sábado, junho 21, 2008

Algumas coisas irritam

Vem cá. Senta aqui do meu lado e me escuta com bastante atenção, porque só vou te explicar uma vez e prometo que não vai ser difícil de entender. Vou usar somente palavras e expressões que você já conhece.
Tu conseguiu até me deixar irritada, sabia? Essas tuas faltas de atenção e teus excessos de sumissos me cansavam. E sem falar das esperas... que sempre me frustavam, mas que no fundo, eu tinha esperança de que fossem dar certo, de que tu virias e.
Durante um tempo, não sei quanto, já que aprendi que tempo não se conta, sempre quando estava perto de chegar na minha casa, eu imaginava que teu carro estaria estacionado no meio fio e que tu estarias me esperando com um abraço pra me vestir.
Sempre frustrados meus sonhos de te ver assim, quase de surpresa. Não fosse a espera que eu guardava dentro de mim e toda a paciência e calma que eu aprendi por ti. Porque, veja bem, tu me ensinaste mais do que imagina. E essa coisa toda é muito piegas e a gente fica se repetindo quando quer falar sobre alguma coisa que passou e que não volta, porque não quisemos ficar, ou ir.
Tu não quiseste vir, não é? Agora me escuta, já que é só o que tu podes fazer.
Havia uma linha imaginária. Um círculo em volta de ti, que eu desenhei. Queria te proteger das coisas feias que existem por aí. Não queria deixar que tu visses as coisas sujas e podres do mundo paralelo a esse, que criei pra ti.
É muito estranho, pra mim, pensar que você tenha me deixado com um castelo quase todo costruído. Acho que faltaram as portas. Se eu tivesse demorado menos esculpindo na madeira, um desenho de sonhos, acho que tu não terias saído.
Tinha grades nas janelas, mas mesmo assim ficava fácil pra ti olhar pro céu, não é mesmo?
Não adianta ficar me olhando com essa cara de quem tem dó. Não tenha dó e nem pena de mim. Tudo o que fiz foi com amor. E de amor não se tem pena, só orgulho.
Também, não acho que tu tenhas largado tudo pra que o castelo quebrasse ou algo do tipo. Não posso decifrar teus pensamentos. Ainda te acho grande demais pra eu poder ler teus significados, mas, entendo quando me falaste do orgulho. Agora entendo.
Não! Tu não pode falar. Só tens que me escutar, porque esse mundo todo quem criou fui eu.
Vou te dizer que entendo e sinto. E que tenho uma pilha e duas montanhas de carinho guardadas no meu guarda-roupas, misturada às coisas que escrevi, recortei e colei por ti.
Não fale nada. Preciso ir.

(um beijo de despedida - as costas - o jeito de caminhar - o jeito de olhar pra trás, ou não)

domingo, junho 15, 2008

que falta em mim:

Deve ser e é. Algo que me falta e que não me será tirado. Não assim tão rápido e nem assim tão fácil. Relutei contra o crescimento, mas só no ínicio. Não tenho a mínima vontade de recomeçar uma guerra pra retirar as bandeiras do meu território conquistado. E sabe? Vou conquistar meus campos verdes, verdinhos. Vou fincar minhas bandeiras de amor e dizer que amo e que está dentro, que vive que tem, que existe e que não sairá. Até permito uns passeios, mas que volte e descanse no meu sofá bem vermelhinho. Chás, cafés (sem açúcar, moça, por favor!), cervejas, águas - meus olhos de estrelas (até quando?) sempre serão.


(um comentário solto, só.)

segunda-feira, junho 02, 2008

Preciso mesmo explicar?

Vou começar a te explicar pelos teus sorrisos. Eles me fazem falta nesses dias de sol. Invento que te ouço sorrir às gargalhadas só pra me fingir estar acompanhada. Te levo no pensamento durante o-tempo-todo-o-tempo-todo-o-tempo-todo. Como fosse uma bomba relógio, mas que não explode nunca, porque os sorrisos que me provoca são inesgotáveis.
Também me faltam tuas mãos. Pra segurar as minhas, pra medir, pra fazer cócegas, pra desenhar traços, contar pintinhas... Me faltam, além das tuas mãos, as minhas, no teu rosto e em ti, te delineando e contornando esses traços tão bonitos que tens, por sorrir e ser assim, desse teu jeito cheio de pedaços.
É, você deveria ser em partes. Assim todos os que te amam te teriam pra sempre e você estaria com todos o tempo todo também. E olha que isso facilitaria muito. Teria pedaços de ti espalhados por boa parte desse mundo e aí, não te faltariam mais nortes ou te sobraria qualquer migalha de sul. Você seria seu próprio centro, sempre.
Dentro de ti deve caber um mundo inteiro. De gentes e lugares. Deve ser bom viajar e passear em você. Me leva pra passear e me conta coisas sobre teu dentro? Prometo contar só pra quem merece ouvir. E nem sou tão egoísta, só não quero te estragar. Não quero ficar doando passagens e carimbando passaportes pra quem não sabe nem ao menos aonde quer ir. Eu sei. Eu quero viajar em você.

E também tem aquela coisa que as pessoas falam sobre tirar do coração. Me diz, como eu posso te tirar de lá? Não quero, não! Lá é teu lugar. Tá cheio de gente linda e brilhante pra te fazer companhia. E tem muitas cores também. Assim, quando você enjoar do colorido das paredes, pode repintar com a cor que quiser. Tem muita liberdade lá dentro. Tanta quanto aqui fora.
Eu queria mesmo era te tirar da minha cabeça. Você pensa que é quem pra fazer moradia nos meus pensamentos? Você deve pensar que você é você e pronto, que não tem culpa por estar lá quase o tempo inteiro... Mas tem culpa, sim! Quem manda ser assim, tão - tão - tão você?

Vai ser uma conversa sem fim se eu ficar me justificando. E sei que pode ser que o entendimento não seja imediato, mas... agora você sabe. E pode pensar. Você é bem inteligente... garanto que vai chegar à resposta certa pra me dar. Mesmo se essa for só um abraço ou beijo misturado num grande sorriso teu.

sexta-feira, maio 23, 2008

Histórias pra contar

Agora é a minha vez de te contar histórias.
Já ouvi algumas tuas... vou guardar elas no bolso, mas você, senta e me escuta.


(Fato é que as histórias são sempre faladas e não escritas.)

domingo, abril 27, 2008

Do assassinato da curiosidade 2 - a verdade sobre o fato

É isso mesmo. Quando eu disse que tinha ido lá e assassinado a curiosidade eu menti.
Quer dizer... não foi exatamente uma mentira. Eu tenho medo de muita coisa e também sou bem insegura... Por isso inventei em dizer que tinha matado.
Hoje em dia, de certa forma, eu já devo ter matado um pedacinho dela. Mas é impossível acabar com algo assim, tão grande, por inteiro. Tem tanta coisinha aí dentro de ti que eu não me canso de querer saber e nem de querer entender.
E esse gosto tão bom que tu tens... não dá pra enjoar assim tão fácil. Mas, quem disse que eu quero enjoar, né? Quero nada! Quero é poder sentir muito e muito mais desses sabores todos.
E teve aquela parte, que eu disse que tu éras viciante demais pra deixar alguma pessoa sem preparo te provar e que se gostasse seria pra sempre. Essa parte era verdadeira. Só esse "pra sempre" que eu ainda não entendo muito bem. Mas deixa pra lá, né? Me ensinaram que dessas coisas a gente não tem que querer entender.
Mas também é verdade que chega a doer se não tiver. Porque às vezes me dói, sabia? Mas eu prefiro calar, porque tenho medo de "assustar". Esse teu jeitinho todo teu, que me derrete.
Acha mesmo que eu iria te provar e depois pronto?
Ah!! Claro que não!! Impossível - Impossível!
Só é possível te querer tanto e te ter tanto dentro de mim.
E tu sabia? Tem tanto de ti aqui por dentro. Vem, me invade, sorri às gargalhadas e depois volta. Silencia, deixa.
E é mentira aquele negócio de perturbar. Onde é que já se viu alguma coisa assim tão irresistível me perturbar?
Ah.... chega de falar, né?
Um dia te conto direitinho. Prometo.

quarta-feira, abril 23, 2008

Converso com você quando falo sozinha

(Um sofá. Duas pessoas. O menino segura uma almofada e a menina só olha, só olha...)

Fico querendo fazer silêncio, já que nem sei se preciso de muitas palavras. Não sei entender, só tenho vontade de olhar, de observar. Quero cuidar, também. Fico fazendo mil homenagens escondidas, querendo mostrar todas as cores do mundo. Fico querendo segurar no abraço e mesmo assim fazer sentir livre.

Me dá a mão? Quero te mostrar o verde dos caminhos amarelos.
Conta estrelas comigo? Eu sei que são muitas e que não poderão ser contadas numa só noite, mas te dou todo o tempo que quiser, quantas noites forem necessárias. Se acabarem as estrelas dessa nossa galáxia, invento outra, pra gente poder se perder, ou se achar, se melhor for.

Te acompanho em canções e posso até cantar pra ti. Mas tem que ser baixinho, não quero acordar os vizinhos. Prefiro que seja uma canção de ninar, pode ser?

Quero fazer perguntas, mas não preciso de todas as respostas. Quero te contar histórias e dizer que fico inventando motivos pra te mandar carinho.

Mas isso tudo já não é mais novidade, não é?

Tudo bem, eu espero.

quarta-feira, abril 09, 2008

Azul que te sei brilhando

- Alô...

- Desculpe a intromissão, seu moço. Mas preciso te saber.

- Oi?

- É... te preciso saber... me fala alguma coisa de ti, por favor?

- Er... quem ta falando?

- E o que importa, seu moço? Só importa o que quero saber.

- Mas como eu posso saber o que você quer? Não entendo.

- E vê se precisa, lá, entender? Me fala um pouco...

- Falar de quê, criatura? Eu não entendo o que você quer dizer... eu nem sei quem é você.

- Precisa não, seu moço. Precisa saber de nada, não... eu sei que ainda é meio cedo pra dizer que eu sou a Maria, a Ana, a Rosa, a Mathilde... Me fala aí, vai, qualquer coisa. Pode até me chamar do nome que quiser... não tem importância.

- Tá bem, Maria. Só não entendo o que é.

- Me diz... diz que você está bem, que tem se alimentado direitinho e que quando sente frio, a noite, puxa uma cobertinha a mais, ou que tem escovado os dentes pelo menos três vezes ao dia e essas coisas...

- Hum... te digo que sim pra tudo o que me perguntou.

- Onde você está?

- Na minha casa, ué. Você não ligou pra cá?

- Liguei... mas, tem alguma janela aberta?

- Olha, Maria, Ana ou sei lá o quê... você está me deixando com medo.

- Ah... medo é bom, às vezes... medo solta aquela coisa chamada adrelina... a gente fica mais pilhado do que já é, sabia?

- Sa-b-b-bia...

- Não fique com medo não... só quero te contar uma coisa, já que você não me quer contar nada.

- O quê?

- Primeiro me diz se tem janela aberta aí. Aqui tem.

- Tá bem, tem janela aberta aqui, sim.

- Você ta vendo os espiões?

- Olha, não sei quem você é, mas essa brincadeira já está passando dos limites. Vou desligar!

- Não! Espera!

- Fala...

- Tem espiões aqui também... estão olhando pela janela e acho que de onde eles estão, eles conseguem te ver também.

- Ah, tá bom. Eu nem sei onde você está. Quem são e onde estão esses espiões?

- Tem milhares, moço. Estão grudados num azul.

- Ah... você está de sacanagem, né?

- Não!! Pode olhar... vá olhar pro céu. Eu mandei as estrelas olharem pra você enquanto eu não te posso ver.

- Quem ta falando, hein?

Tu tu tu tu tu

- Alô? Maria? Alô! Ana? Mathilde? Rosa? Maria? Alô!!

sábado, abril 05, 2008

Diálogo

- Tá, Gabriela... mas o quê que tinha lá?
- Ah... nada de mais.
- Não teve nenhuma bandinha tocando ou algo assim?
- Nem...
- Então?
- Ah... tinha um sofá bom, música boa, amigos bons, cerveja boa, papos bons, risadas boas...
- ...

terça-feira, março 25, 2008

Tua vez

Pára e senta. Tu tens histórias pra me contar, não tens?

domingo, março 23, 2008

Querer

Te quero
de viver
assim
por dentro

e fora
de mim

(em mim)

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Alguma troca

Eu nem queria admitir isso, mas eu desisto. De que adianta ficar querendo alguma coisa que não pode acontecer? Fiquei horas pensando, repensando e revendo o que aconteceu comigo depois disso tudo. E tu, ainda, tiveste a audácia de me perguntar "isso tudo o quê?" quando eu fui tentar conversar. Eu não deveria querer te jogar fora, mas se tu preferes assim, eu abro os braços, me solto do teu abraço e te deixo cair, já que quem quebrou fui eu.
Não vou dizer o que tu deverias fazer ou deixar de fazer. Já estás bem crescidinho, né? Não tenho dúvidas que "conselhos" meus não seriam bem vindos. Afinal, eu sou tão novinha ainda, tão jovem que você nem me escutaria. Deverias ter ensinado mais. Você perdeu a paciência de ensinar muito rápido e eu perdi a de querer aprender (contigo, óbviamente).
Mas eu sei que eu vou ficar bem, porque se tu vais ficar bem ou não é uma coisa que não me interessa nem um pouquinho. Até doeu quando eu te falei, doeu muito e aqui dentro de tudo. E essa dor não se explica. Tomara que tu nunca tenhas que sentir uma dor assim.
Também não te desejo sorte. Não te desejo nada. A escolha foi minha, eu sei, mas quem primeiro desdenhou não fui eu. E se no meio desse caminho tu te perderes, azar. Não vai ser a minha mão que vai estar lá pra te guiar.

Quer saber? Cansei.