quinta-feira, julho 30, 2015

Ode à poesia


Ler uma poesia bonita é como ter um cavaleiro medieval, tipo um homem de lata dentro do peito. Ele é munido de armadura, espada e escudo. A cada palavra lida, ele vai perdendo uma peça de sua vestimenta e, ao final, se vê que naquela dureza toda o que havia era um coração esperando para ser despertado e encantado.
A poesia abre os olhos dos seres dormentes. Desanuvia pensamentos borrados pela rotina fatigante. Poesia é remédio que aumenta a bondade no trato com os outros e com o próprio coração. Ela torna a pessoa um ser menos amargo e mais amador, no sentido mais amplo da palavra.
A poesia quer ser lida, viver e res-pi-rar. *suspiro*. A poesia transcende o mundo.

(Imagem do Filme Bright Star)

terça-feira, março 10, 2015

Ir


Estou numa mistura de querer ficar e partir. Naquela indecisão de segurar com toda a minha força e soltar pra ser leve com o vento. Talvez a segunda opção seja a melhor, já que Deus não erra e a vida é exatamente assumir riscos. Deixo você brincar como se estivesse fora do meu corpo. Você já tem morada aqui dentro, na parte que me deixa viva. Tem essa parte que me ajuda a querer ficar e a segurar todas as barras que puderem vir. Se a dúvida vem, tenho que fazê-la ir embora. Não tenho mais tempo pra desconfiar, principalmente da vida. Desconfiar se o que ela me deu é certo, errado, bonito, feio, faz bem ou mal. Tenho tempo pra viver com paciência e confiança. Tenho esse tempo pra dar presentes, ganhar outros, abrir os braços e me soltar no tempo. Gosto de aproveitar o momento que estou vivendo porque não sei do próximo que virá. Não gosto de perder tempo com coisas sem importância. Se você entendesse a importância que eu vejo no farfalhar de uma borboleta (mesmo que seja dessas que vivem na minha barriga), você entenderia sobre todas as estranhezas que me rodeiam e como as coisas podem ser simples, e só se deixar levar e viver. Assim eu decido: não vou. Mas levo todos os sonhos dentro de mim.

domingo, fevereiro 01, 2015

Desejo


Eu desejo ter você pra sempre e que você seja sempre meu como eu serei sempre sua. Eu desejo que o tempo passe e nos leve devagar pelas mãos e que possamos juntos andar por um caminho bem bonito. Eu desejo que algum dia você possa compreender o quão importante é a maneira que você me ensina a amar. Porquê você me ensina a amar sem pressa, sem correria, sem medo. A única pressa que eu tenho é a de estar perto de ti, mas eu também desejo que essa saudade vire lembrança, daquelas que vamos lembrar com carinho daqui alguns anos pensando em tudo o que passamos e o quanto valeu a pena acreditar no nosso amor. Eu desejo que você nunca mais saia da minha vida e do meu coração. Eu desejo que na vida eu possa seguir com você. Eu desejo que você saiba que eu te amo. E amo tanto!

quarta-feira, outubro 01, 2014

Colecionar (você)

Você aí e eu do lado de cá e quando você vem, eu gravo seus olhares, gestos e carinhos. 
Quando você volta pro lado de lá, eu abro a caixa da minha coleção de você e, vez ou outra, me visto com algo seu.
Hoje eu vesti a sua maneira de me olhar e me senti fabulosa. Ontem eu vesti o carinho que você faz no meu rosto antes da gente dormir. Amanhã vou vestir o jeito de você pegar na minha mão quando caminhamos juntos pra me sentir menos só.
Vivo de saudade e de vontade de você. Minha melhor surpresa! 
Você veio pra me mostrar porque nenhum outro deu certo. Você veio e me trouxe uma paz com nome e sobrenome. 
Conto os dias pra te ver. 
Todos os planos que eu faço, incluo você. Aí divido e você topa. 
Queria te falar mais um monte de coisa, mas prefiro falar baixinho no teu ouvido, ou quando falo sem dizer, só olhando pra você.
Meu príncipe encantado. Meu amor mais bonito.
Posso colorir você?


Ps.: 10 dias (e contando...)

segunda-feira, agosto 04, 2014

Sobre o tempo que não passa

Há uma fórmula para fazer o tempo se arrastar. Vou te ensinar os passos:
Primeiro, apaixone-se. Perdidamente, loucamente, intensamente. Mas não por qualquer pessoa. Apaixone-se por alguém que more longe e, que esse longe seja o suficiente para se tornar impossível que vocês se encontrem todos os finais de semana. Depois, marque um dia para encontrar essa pessoa com pelo menos três semanas de antecedência. 
Pronto, você já pode colher os louros do tempo mais lento pelo qual você já teve paciência de esperar.



"Deixa ser como será
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque a nos testemunhar"

quarta-feira, julho 02, 2014

Sem drama, apenas não volte.



Hoje eu saí com você, mas sabe o que aconteceu? Vesti minha armadura de amor próprio (também conhecido como egoísmo e egocentrismo) e deixei o carinho em casa. Não que eu não seja carinhoso, mas eu o deixei de lado antes de sair com você pra evitar que houvesse qualquer envolvimento afetivo, apesar de gostar muito de você. Mas eu gosto sem ter sentimento. É um gostar conveniente, porque assim não me envolvo e você também não corre o risco de criar qualquer expectativa. Mesmo que não houvesse, ser rude era mais simples.
Sim-pli-ficar, sem ter que voltar depois. Você pode me entender, você sabe como isso funciona. No tempo em que vivemos as pessoas tem orgulho de dizer que não se envolvem, que não sentem nada, que só estão para curtir. Eu estou nesse quadro de pessoas, me perdoe. Não podia ser gentil. Não podia ser cuidadoso. Eu só podia estar ali de corpo, mas o coração estava em casa, dormindo confortavelmente na minha cama quente enquanto eu refrescava a minha garganta com um chopp geladinho.
Quer saber? Deixa pra lá. Você aprendeu a lição, não? Você também já foi pedra pra alguém, eu vim pra te ensinar como é alguém ser pedra pra você. 


Mas eu, meu bem... eu sou a favor de você vestir a camiseta do carinho e sair com ele pra passear. Trocar abraços, marcas de beijos, dedos nos cabelos. Sou a favor da gentileza, da cumplicidade e da doação do seu tempo por fazer o outro feliz. 
Não gosto das pessoas terem esquecido de se importar com as outras e nem de o quão frias se tornaram. Ainda sou do tempo em que fazer um amigo ou estar com alguém implicava em doar-se e abrir-se. Se você é incapaz, nem deveria ter vindo. Ou nem deveria envolver-se com ninguém. 
Eu não vou te ensinar a gentileza, nem o carinho, nem amor e nem como fazer qualquer tipo de coisa. Mas preferia que não tivesse acontecido nada. Estar com você foi como um pesadelo, daqueles em que me encontro sozinha, com muito frio e sem saída. 
Ainda bem que o tempo não pára. E obrigada! Você me mostrou o tipo de pessoa que eu não preciso e o tipo de pessoa que eu não quero ser.

segunda-feira, junho 02, 2014

Neruda

Ela conheceu uma pessoa que gosta de Neruda tanto quanto ela. Foi assim:
- Você também gosta de poesia? Com aquele ar surpreso de quem já não espera mais nada profundo de ninguém.
E a resposta veio: - Como você também? Eu é que gosto! Neruda, Manoel de Barros.
Ele foi interrompido: - Neruda!
E juntos, olhando um para o outro disseram: "No te amo como si fueras rosa de sal, topacio o flecha de claveles que propagan el fuego..."
Junto com a sincronia veio uma forte gargalhada. Não era possível que alguém mais, no meio de toda essa gente vazia, pudesse recitar, em espanhol, o seu poema preferido do Pablo Neruda.
Então ela contou que certa vez, recebeu este poema de presente e o leu tanto, que acabou decorando. E o acha lindo, perfeito.
Ele contou que descobriu o Neruda graças às aulas de espanhol que fazia quando adolescente no colégio de padres que frequentava.
E foi conversa pra cá, histórias pra lá. Ela era hilária, ele ria das piadas dela. Ela era linda. Ele sabia disso.
Ele era interessante e a atraía. Ela achou interessante a maneira como ele mexia a boca pra falar e o som da sua risada. A maneira como ele fechava os olhos quando ria e o jeito como prestava atenção enquanto ela falava. E uff, ela falava bastante!
- Você parece ter 54 anos. Tem mais histórias pra contar do que eu, po! - Disse ele em tom irônico.
- Ah, mas você acha que isso seja ruim? - Respondeu ela, fazendo um draminha, como sempre.
- Claro que não! Acho bárbaro que você saiba como aproveitar a vida. Eu tenho as minhas histórias pra contar também, mas fiquei muito tempo preso em um relacionamento, que bom, não me permitiu viver tanto quanto você.
- É, pode ser...
- Você teve sorte em estar sozinha.
- Como pode dizer isso? Não sou diferente de ninguém! Também gostaria de ter alguém, mas... - Ele a interrompeu e começou a dizer: - Você é incrível! É diferente dessas outras gurias cheias de mimimi. Você sabe o que quer e não deixa que ninguém se coloque no teu caminho. Você é forte, mais do que imagina! E olha que só estou dizendo isso pelo pouco que nos conhecemos.
Ela estava surpresa, mas ouvia tudo com atenção e mesmo antes de querer interrompê-lo, ele continuou:
- Sorte do cara que estiver contigo. Queria que pudesse ser eu este sortudo.
Ela suspirou, se retirou do emaranhado de pensamentos e respondeu:
- É assim. É sempre assim. Eles sempre dizem que não entendem porque eu estou sozinha, porque eu sou incrível, autentica, maravilhosa, etc etc... mas não é todo homem que consegue aguentar uma pessoa como eu. Os caras fogem de mulheres fortes. Eu tenho a minha sensibilidade e a considero importante. Sei lá, acho que sou um pouco ruim demais.
- Mas veja só o que você está dizendo! Disse ele, enquanto dava um gole na caneca de chopp. - Você precisa estar aberta para deixar seu lado frágil transparecer também. Você tá aí, bancando a durona, mas só falar em sensibilidade que já fica toda frágil. Eu não sou ninguém pra te dizer nada disso, mas é de coração que te digo que gostaria de ser o sortudo que ficará do teu lado.
Ela não disse mais nada. Não conseguia dizer, porque ele tinha tocado justamente onde mais doía. Ela estava cansada de ser forte e também da suas fraquezas, mas não conseguia admitir isso pra mais ninguém.
E estava ali, em um bar, com um semi-desconhecido, falando sobre o mais íntimo que ela podia ser. Só podia ser alguém que entende de poesia, pensou ela.
E ele disse: - Nossas vidas não são como as poesias que lemos. Mas podemos fazer as nossas próprias histórias. Eu sei que você escreve, porque te pesquisei antes de sairmos (santa internet!) e sei que você quer, mais que tudo, construir tua própria história.
Ela enrubesceu, não sabia o que responder. Estava atônita, respirando. Pegou o copo, deu os últimos goles e pediu mais um pro garçom, depois olhou pra ele e respondeu:
- Quer saber? Quero construir minha história, sim! E que seja uma história de amor linda, com poesia, músicas e mais um monte dessas coisas que eu gosto. - Num ar debochado, mas um tanto apreensivo, disse: quem sabe não seja você, esse rapaz de olhos castanhos, que será o sortudo a fazer parte da minha vida? Essas coisas a gente não sabe. Tem que deixar rolar.
Sem pestanejar, ele ergueu o caneco e disse: - Um brinde aos inícios!
Ela brindou, eles beberam e trocaram de assunto. Ele percebeu a tensão que deixou no ar. Fez umas piadinhas, deixou que ela pudesse rir de novo.
Ela era assim, tinha medo de se abrir. E olha que interessante, tinha medo do que mais sentia vontade na vida!
Estavam falando sobre qualquer bobagem, quando ela disse: - É isso mesmo! Você acertou. Não posso mais falar nada, porque você vai dar o jeito de descobrir. E quem sabe, assim, eu descubra o quão sortudo você pode ser, né?
O que era despretensão, falando de poesia, tornou-se em um diálogo de mudar vida. Pode ser que não, mas para transformar funcionou. E deve ser assim, com poesia, com versos e com amor de passarinho.


Conquistou o Egito e a Pérsia

Eu não queria escrever sobre você, mas devido as circunstâncias, é quase impossível querer fugir.
É meio esquisito ter que me despedir sem ter te visto e sem ter provado teu gosto e o teu abraço. 
É meio estranho saber que não vou mais te ouvir rindo e nem ver teus olhos fecharem quando o fizeres.
Não medir a tua mão, não fazer carinho na sua nuca. Não escutar mais tua opinião sobre as coisas e sobre a forma como tu te menospreza, como se fazendo isso pudesse me desencantar. Não escutar os teus problemas e deixar qualquer coisa que pudesse crescer pra lá, sendo de qualquer cor que fosse ou qualquer sentimento que aparecesse. 
Mas não tenho medo. Só acho estranho, como se fosse alguma coisa que não é nada. 
Não ser ou não sentir nada. E não poder fazer nada. Apenas ir.


"Foi generoso e malvado, magnânimo e cruel"

Pequeno diálogo sobre o olhar

"- Mas eu tenho medo.
- Medo de quê?
- De você.
- ... mas porquê?
- Por causa desses teus olhos doces."