sexta-feira, abril 22, 2011

Por estar perdida

Caminhei sem rumo. Deixei o vento me segurar a mão e fui, pra lugar nenhum. Não ouvi som nenhum. Talvez tenha saído pra te encontrar. Talvez pra não mais te ver. Fiquei sem um pedaço de chão ou sem nenhuma seta me apontando pra onde ir. Imaginei mil coisas. Vi olhares superficiais e pessoas com máscaras. Que pena, quem usa esse tipo de máscara não consegue ao menos ser livre por si mesmo. Fica se prendendo em superficialidades, se escondendo atrás de risadas, de falta de abraços. Não consigo usar máscaras. Sou inteira quase o tempo todo. Quando sinto assumo. Quando me dói, me dói em tudo. Fico dolorida até no olhar. Me distraio pra não pensar que ando perdida, mas acabo saindo sem encontrar o rumo. Onde será que está você? Em que será que está pensando? Será que tem parado pra pensar ou ainda foge do que pode ter solução? Não sei o que eu sinto exatamente. Ou sei, mas não digo. Mas hoje, exatamente nesse dia tão lindo de sol e silêncio, vou tentar. Tentar sei lá o que, mas quando se está vivo é que se deve fazer. Tentar. E é assim, talvez eu volte a caminhar ou não. Eu não quero mais falar nada. Agora eu preciso ouvir. As coisas estão muito desconexas. Não sei mais nem onde eu estou e porque eu estou. Mas eu garanto, nada é tão grave quanto parece. E nem tão simples quanto eu faço parecer.

quarta-feira, abril 20, 2011

Crescer, avenca

Você, minha pequena avenca, acha que pode assim, cortar as próprias raízes? Acha que tem o direito de não se deixar crescer pra virar árvore frondosa que me faz abrir janelas? Eu te dei terra boa, adubo. Te deixei crescer assim, dentro de mim. Te reguei, te coloquei no sol pra crescer mais bonita. Minha avenca, porque cortar tuas raízes? Porque não ter coragem de crescer em mim? Eu gosto muito de você, plantinha. Queria te ver crescer. Queria te ver virar casa pra passarinho, sombra larga. Queria tirar o que fosse ruim, podar os galhos secos pra te ver crescer mais bonita. Queria continuar cuidando de você. Ainda há terra boa pra te replantar. Tem-se que esperar a lua certa, aí sim você volta, ou morre de vez. Vou assim, esperando o tempo passar e vivendo. Vivendo.

segunda-feira, abril 18, 2011

Mapa

É preciso desatar as amarras e se balançar bem alto. É preciso deixar-se ir. Estou fazendo um mapa, pra desvendar um segredo bem secreto. As dicas virão com o tempo e bem devagar. É preciso andar um passo de cada vez e sentir a terra no chão. Deixar o coração leve e a cabeça nas nuvens. No chão apenas os pés. As mãos devem segurar apenas laços de fitas. E da boca apenas palavras doces. Não deve haver aspereza e nem mentiras que se acham verdade. Deve-se ter certeza mesmo que for dúvida. O que for preciso deve ser feito e assim o mapa estará pronto. Pra chegar no tesouro que é segredo é preciso tempo, que se tem pra vida toda. Tem-se que deixar o tempo passar, os dias correrem. Eu gosto de andar assim, devagar. Contando os passos pra desenhar no mapa. Um dia eu conto sobre cada pedaço que vejo em você e cada lugar onde esse mapa pode levar. Até mesmo se for em mim.



(Quem é você, afinal?)