O fato já está consumado. Consumado feito sentimento e sentimento não se fecha, ele muda.
Assim posso dizer que sou pedra. Sou pedra dessas pesadas, geladas e úmidas. Dessas que ficam no fundo de um rio, onde a água é mais gelada. Sou essa pedra que não conhece o calor do sol e nem a correnteza que a faz rolar e se moldar.
Pra alguém conseguir me alcançar precisa ter um fôlego de recordista em segurar a respiração, saber nadar e não ter medo do frio. Precisa ser persistente e tentar com vontade. Se não conseguir do modo convencional (diga-se mergulhar na água gelada, segurar a respiração e nadar até o fundo), deve usar de outros meios para alcançar. E ser extremamente criativo para efetuar tal façanha.
Pra poder ter essa pedra nas mãos é preciso ser merecedor. Saber ser "água mole que tanto bate..." etc. É preciso ter além de inteligência, esperteza o suficiente pra chegar ao fundo pra tentar quebrar essa pedra em mil pedaços e depois deixar virar areia.
Areia encontra o céu, voa com o vento. Areia não machuca.
Eu já cansei de ser pedra. Está na hora de virar areia e ser mutável e suave como um bom sentimento. Pode até ser amor.
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