quinta-feira, novembro 24, 2011

Suspiros tempestuosos

Respiro fundo, os suspiros são muito fortes e parecem tempestade varrendo tudo dentro do meu peito. Abrindo algumas portas, derrubando algumas paredes. São suspiros do que ainda virá, não do que já se foi. O bom dos suspiros é que eles mandam embora também o que é ruim. Vai-se tudo, pra se construir tudo de novo (ou algo novo).
É bom ter caminho novo pra seguir. É bom seguir o que há anos a intuição já dizia. É muito bom suspirar por sua própria vida, por suas escolhas e por si mesmo.
Imagine-se preso a uma vida que não anda, que não vai pra lado nenhum. Imagine-se fazendo o mesmo todos os dias, e esse mesmo, ao invés de enchê-lo de vida, o esvazia. Então imagine-se fazendo algo que o encha de prazer e entusiasmo. Agora junte a imaginação com todos os suspiros tempestuosos, o mais forte que puder! Depois agradeça por já ter alcançado aquilo que tanto queria e que tanto lhe fará grande.
Pronto, agora é "só" viver.

segunda-feira, outubro 24, 2011

Quando depois?

Parar de fazer as coisas amanhã e fazer tudo hoje. E que seja bem feito. E que seja vivido.
Amanhã nunca chega pra quem vive esquecendo a alegria que tem em viver o momento presente. Deixar para depois o que não é de agora e aproveitar agora o que já chegou. Só.

segunda-feira, setembro 26, 2011

O tempo que parou

Depois que você foi embora o tempo parou um pouquinho. Ficou naqueles dias em que combinávamos quando você viria e naquele final de semana, que eu combinei amizade, amor, músicas, luau num mirante bem bonito. Depois, naquela noite que não dormi, que não acreditei. O tempo parou aqui dentro de mim no dia que você foi embora. Parou naqueles dias viajando junto, cantando junto, rindo, dividindo chopp. Parou no abraço no pátio da minha casa, no reflexo no espelho, nas tuas letras no meu mural improvisado. O tempo ficou parado dentro de mim sem uma parte importante, que eu sei, que mesmo de longe, em outra dimensão, no que for, só continua quando te encontro num sonho. Desses que se sonha dormindo ou só olhando pra fora da janela. O tempo parou no meu coração e você me faz uma falta infinita. Eu sei que vai haver reencontro, mas ainda não consegui me acostumar com a ausência. Havia e há muita coisa pra dividir. Só agradeço por ter me deixado outras pessoas que são reflexos do seu amor. Assim tenho você em tempo corrido, em vários corações. Você é amor em tempo que não anda mais. Você é tempo que não passa. Você é amor que ficou em mim. Minha amiga, princesa, pequena, cantora... Denise.

terça-feira, setembro 06, 2011

Desenlear

Alguns dias parecem nó. Se apertam antes mesmo de acordarmos. São agoniantes, pesados. Parecem flutuantes, mas são pesados como rocha. Alguns desses dias os pés não querem andar. As pernas querem repousar e os braços só querem se enfiar em baixo das cobertas ou dos travesseiros. Na verdade, não. Dias assim se quer todas as coisas ao mesmo tempo. Viajar e ficar. Sair mas permanecer. Encontrar mas não ver. Conversar sem ter que falar. Dias assim são cinzas, mas sempre se pode melhorar. É hora de aumentar o volume do rádio e se tomar pela canção. Um rock despretensioso, uma balada, qualquer coisa. É hora de desfazer os nós. Desenlear-se dos fios presos e sorrir. Só ir.

segunda-feira, setembro 05, 2011

Divisões

É preciso saber dividir. Entusiasmar-se com um pedaço de bolo, com um brigadeirinho de colher. É sorrir quando as mãos dançam no vento do carro acelerando. Brincar com os pingos de água no chuveiro, com a espuma do banho. Tocar piano imaginário na sua perna, ritmar com as mãos juntas, dançar com os dedos. É sentar na praia, respirar a maresia, falar nada ou falar muito e sobre qualquer coisa. É saber a hora de parar mesmo querendo continuar. É aprender a ser pai ou mãe de gente grande e estar disposto a ouvir um "não" quando se for ajudar. É deixar-se sumir pra respeitar espaço, porque até o espaço deve ser dividido. É fazer carinho na palma da mão e no pulso. Guardar o cheiro no travesseiro, sonhar acordado e dividir planos. Mostrar fotografias, músicas, ilustrações, quadrinhos. É ensinar e aprender uma língua nova e inventar, porque não, uma língua ainda mais nova e diferente. Dividir palavras, choros, sorrisos, família, amigos. Os brinquedos e mais qualquer coisa.


"É preciso estar distraído e não esperar absolutamente nada. Não há nada a ser esperado, nem desesperado. (CFA)"

domingo, julho 31, 2011

Seguir



Eu faço muitas coisas erradas. Se sigo regras, erro. Se não sigo, enfio os pés pelas mãos. Às vezes falo demais. Pressiono. Exijo mudanças desnecessárias e enfim, de novo eu erro. Uso palavras erradas, brigo, falo o que não devia, exijo o que não devia e quando não devia mais exigir nada. Perco a hora de partir e chego cedo ou tarde demais na hora de começar. Eu fico confusa porque não sei pra onde seguir e nem pra quem mais pedir um conselho, ou sei lá. Tudo parece muito exaustivo e repetitivo. Quando você olha mas nem quer mais ver e quando foge pra sei lá, se encontrar sozinha, fechada no seu mundinho. Não gosto e não costumo colocar a culpa dos meus problemas nos outros. Afinal, se os tenho, foi eu que os criei, então só resta a mim consertar. Não se pode arrumar a confusão dos outros se dentro de você existe uma confusão maior ainda. Pode ser que eu tenha fugido de mim mesma enquanto tentei fazer você se encontrar. E aí "fim"... quem precisa de encontro sou eu. Preciso perdoar os meus erros, não me culpar por ter sido excessiva, por ter sido boa ou ruim demais. Eu preciso voltar a estar comigo inteira. Agora preciso me preocupar comigo mesma, preciso ficar só comigo e é isso que estou fazendo. Voltei a me fechar e a ser só minha. Você, eu não sei mais... Não sei pra onde vai, não sei quais escolhas irá fazer, nem com quais outras meninas irá se relacionar. Não sei se irá se machucar, se voltará e cometerá os mesmos erros... Mas quero acreditar que enquanto estive por perto te fiz crescer, assim como agora, afastada, estou crescendo também. Não vamos parar. É daqui pre frente e daqui pra cima... dos encontros eu não sei, só o tempo agora. Paciência-não me culpar-perdoar meus erros-não me culpar-SEGUIR.

terça-feira, julho 26, 2011

Amor Amar

Tema recorrente em tudo o que escrevo. Amor. Amar.
Amar não é só abraçar, dar carinho, agradar, beijar ou qualquer dessas coisas. Amar é querer o bem do outro. É querer que ele cresça, evolua, se torne uma pessoa melhor, mais madura. É ensinar a tirar as pedras do caminho e querer que ele vire gente de verdade. É ensinar a enfrentar os medos, os dragões, os monstros. Amar é querer bem, mesmo que pra isso seja preciso puxar a orelha da outra pessoa, mostrar pra ela que o que fez foi errado, que poderá ter maus retornos.
Eu te amo porque quero teu bem. Porque quero que evolua, que não se afunde. Porque quero que se torne uma pessoa melhor pra ti mesmo, não só pra mim. Amor é crescimento. Amor é coisa séria. Quem não sabe dar valor pra esse sentimento e nem reconhecê-lo, é porque nunca amou na vida.
Permita-se! Ame mais e melhor! Mude! Seja mais amor.

quarta-feira, julho 20, 2011

Pro presente virar pretérito

Porque você ficou tão pouco tempo? Porque não veio pra ficar, pra fazer morada? Mal consegui sentir teu gosto, mas ainda escuto tua respiração que me faz viajar pra bem longe, pra um lugar onde eu gostava de estar, mesmo que não completamente. Revejo acontecimentos e revivo alguns outros, mesmo sabendo que o que tenho e o que está por vir seja melhor. Eu me apego no que gosto e no que me causa curiosidade e você sabe o quanto eu gosto de desvendar os teus segredos, não é? Preciso me lembrar de falar sobre essas coisas no pretérito, já que meu presente não faz parte de você. Mas é, foi assim... eu deixei você chegar, me segurar a mão, me apertar nos abraços e tudo o mais... depois foi difícil entender e te soltar. Todo mundo precisa de alguém e por mais que eu não queira admitir, eu também preciso (de você?). E sei que de alguma forma, você também precisa de mim, mas também sei que pode ser que não... que você estava muito bem (?) antes de mim. Minha cabeça fica confusa, mas acho que o que eu estou é sentindo saudade. Ainda preciso de mais tempo pra esquecer teu jeito de falar, de respirar... Não sei o que fazer. Preciso desaprender algumas coisas e me soltar de outras. Quem tiver receita, por favor me mande. Preciso de novas instruções. Não preciso de você.

domingo, junho 12, 2011

Interiorísses

Não façamos comparações, mas você nem olhos de estrelas tem. Você tem um mundo inteiro, um universo todo dentro desses olhos fugitivos. Você, eu sei lá, devia descobrir mais sobre os mistérios que tem. Você deveria seguir sem olhar pra trás e eu deveria sumir pra não voltar mais. Não sei bem sobre o que mora aqui por dentro. Ou sei e não consigo dizer. Você é maior do que imagina, não sei se quando se vê, mas quando está dentro de mim. Fico falando desses dentros, dessas coisas totalmente interiores que quase não se pode entender. O que se pode é sentir. Deixar os medos e, no meu caso, desaparecer. Vou fazer outro mapa, dessa vez será o meu. Vou reorganizar as minhas estradas, consertar as destruições. Vou ser bem mais eu, vou ser só minha, passeando por dentro de mim. Vou te deixar seguir o seu caminho e não vou ser pedra. Vou ser pássaro voando no meu mundo, não no seu.

quinta-feira, junho 09, 2011

Pedaços que chamamos de vida

Mergulhei em um espaço de tempo que já passou. Revi amizades, amores. Revi todo tipo de relacionamento que tive. Olhei de perto momentos que passei com as pessoas que gostei. Amigas que saíam comigo só pra caminhar. Outras que brincavam de barbie, de casinha. A turma que brincava de esconder na praia... Relembrei os clubinhos, as brincadeiras de teatro. As brigas, as reaproximações. Depois me deixei ir, pra sabe-se lá um dia voltar ou.
Encontrei com pessoas que já foram embora. Tias avós, avô, amigas... Ganhei abraço do tempo e fiquei feliz por já ter vivido e por ter conhecido e feito parte da vida de tanta gente especial. Todo mundo que passou pela minha vida me fez crescer de certa forma. Até trocando bilhetinhos sobre qualquer besteira na escola. Brincando de balanço e de gangorra no parquinho da igreja. Trocando beijos e carinhos escondidos enquanto me traziam pra casa, caminhando devagar pra ver se o tempo colaborava e nos deixava ficar um minutinho a mais juntos. Sempre tive grandes amores. E com isso eu quero dizer que sempre amei muito também os meus amigos. Festivais de música, bebedeiras na praia. Mergulhei no tempo em que jogava vôlei e que eu não era boa nisso. Lembrei das partes difíceis e que também passaram. Depois de toda tempestade acabei descobrindo alguma coisa maior dentro de mim. Não recebia recompensas externas. Ninguém chegava e dizia: "Gabriela, aqui tem um amor novinho em folha pra você". Eu simplesmente crescia dentro de mim. Fui me tornando uma pessoa mais prática. Aprendi a dar valor pra situação que realmente merece valor... pras pessoas que merecem também. Tem gente que não enxerga nem o valor que tem.
Fui lá pr'aquele tempo em que o mais importante era fazer as tarefas e depois sair pra brincar de "congelar" no meio da estrada. Fui de novo brincar no túnel do terror da Xuxa que fazíamos com bichinhos de pelúcia. Cheguei naquele dia em que brincamos de fazer arco e flecha pro dia do índio e que fizemos casa de barbie em cima de um tapete, na casa em construção. Encontrei com a minha irmã com uns doze anos, me mandando limpar embaixo da árvore de carambola, porque eu só poderia brincar com ela se eu fosse a empregada. Fui pr'aquele dia em que a minha tia avó me deu um rider rosa como forma de me pedir desculpas por ter brigado comigo. Fui pro dia em que fiquei de papo no muro da casa da praia, dando risadas das placas dos carros que passavam. Cheguei no prézinho, no dia em que usei uma tesourinha pra cortar minha franja. Lembrei do dia que cheguei em casa com a franja cortada e dizia que não tinha feito nada. Escutei músicas, revi fotos, reli livro, poesias. Me encontrei com tudo o que tenho dentro de mim. É tudo tão grande e tudo tão bonito que, se pudesse, tiraria essas lembranças de mim e guardaria numa caixinha. Então eu penso que essa caixinha sou eu. Que eu sou quem eu sou por tudo o que me aconteceu. Pelas pessoas que conheci e passaram rápido. Pelas que ficaram. Pelas que vieram, ficaram por um tempo e foram embora. E é tão bom estar nessa viagem que é viver. Quero aproveitar tudo o que eu puder, devagar, sem nenhum atropelo. Eu quero mais é ser feliz!


(Eu tenho um tanto a mais de coisas pra contar. Tenho vontade de divisão e de saber também.)

quinta-feira, maio 26, 2011

Tem gente que parece que é anjo na vida da gente



Conheci a Denise, acho que em 2006, ou 2005... não lembro direito. Mas lembro que foi junto com um monte de gente bacana que conheci virtualmente nessa época. Eu era amiga da Alininha e a Dê sempre ouvia a Line falar de mim e dizia que queria me conhecer porque gostava da minha risada. Vê se pode, a pessoa se identificar com você por causa da risada que você tem.
Um dia eu fui conversar com ela, porque a Line já tinha me dito que ela queria me conhecer, mas a serelepinha era tímida, então tive que dar o primeiro passo pra aproximação.
Conversávamos muito, sobre tudo. Passeios de balão, cartas, bilhetes, chás, comidas, amizades, carinhos... fazíamos competição de bola de chiclete e trocávamos conselhos sérios e bobos. Tudo era bobo de bonito com ela.
Um belo dia de inverno ela resolveu vir me visitar pela primeira vez. Como ela mesma disse, era como confiar e gostar tanto de alguém sem ao menos ter olhado nos olhos.
Eu lembro bem quando ela e a família toda chegaram aqui em casa. Eu estava meio nervosa. Tinha feito um bolo prestígio que, apesar de gostoso ficou duro feito pedra. Mas queria ser agradável com a família dela e acho que esse negócio de receber com um bolo gostoso é um bom modo de demonstrar carinho pra quem vem visitar, né? Enfim... quando eles chegaram eu estava esperando na área na frente da porta da cozinha e ela veio com todo aquele brilho dela, bem feliz porque tinha chego. Lembro bem daquele abraço. O dela e de toda a família.
Aquele dia foi um dos melhores dias que eu tenho lembrança. A gente sentada no chão do meu quarto conversando sobre todas as coisas... eu dando conselhos pra ela sobre o Rafa, porque na época eles ainda não namoravam, mas ele já gostava muito e eu e a Line fazíamos a maior campanha pra Dê poder ficar com ele.
Aquele dia ela e a família dela foram embora, mas eu queria que tivessem ficado. O tio Eduardo perguntou se ela e a Dani queriam dormir aqui em casa, mas a Dê era educada demais pra dizer que queria. Ela tinha um coração de ouro e uma educação exemplar. Depois que eles foram embora eu lembro de ter ficado pensando que poderiam ter ficado, que teria sido muito bom.
No outro ano eles vieram novamente pra Santa Catarina e foram me visitar na minha casa de praia. A gente riu bastante naquela vez. Eu lembro de ter ensinado a Dê a "rir de mongól" (mas não posso explicar isso com palavras... rsrsrs) e nós fomos jogar frescobol e tomar sorvete com bala de dentadura e falar sobre tudo o que gostávamos, fazer planos de um dia morarmos perto, de eu ser a madrinha do casamento dela com o Rafa...
Levamos um dois anos pra nos reencontrarmos. A desculpa era um show da Adriana Partimpim em Curitiba. Comemoração do meu aniversário e do Rafa no final de março. Um dos melhores finais de semana que já passei também. Eu lembro muito bem que ela me falou que queria muito que eu tivesse ido nesse encontro porque ela simplesmente gostava demais de mim. E era recíproco, porque por mais distantes que morássemos, a Denise sempre foi muito presente pra mim. A gente dividia músicas, palavras. Ela musicou alguns textos meus e me roubou muitos e muitos sorrisos com isso. Ela me fazia sentir importante demais. Do mesmo modo como ela era e é importante pra mim.
Tem pessoas que eu gosto muito e que de tanto gostar, penso em ter uma miniatura dela pra mim, pra levar no bolso como se fosse um chaveirinho, sei lá. Pra estar sempre por perto, pra cuidar.
Mas eu sei que pessoas iluminadas como a Denise, às vezes precisam partir pra morar mais pertinho de Deus. A Denise na minha vida era só iluminação. Ela me fazia sentir gente importante, me fazia pensar que escrevia bem e que o que eu fazia de certa forma tinha sentido. Ela ria das minhas piadas mais sem graça e estava sempre disposta pra me dar a amizade dela. A Denise na minha vida era como se fizesse parte da minha família. Todos aqui em casa a conheciam e a adoravam. Assim como toda a família dela.
Eu sei de poucas coisas nessa vida e ainda não consegui entender completamente porque ela tinha que partir tão cedo, nos deixando esse buraco no peito. Mas eu sei que onde quer que ela esteja, (e eu sei que é um lugar lindo, com a Line e com anjos e com árvores de galhos frondosos e muita grama verde) ela está vivendo por nós, que amávamos e que continuamos amando e vivendo pra manter viva a parte dela dentro da gente. Eu me vejo da feliz obrigação de viver as coisas bem vividas. De sentir tudo o que for bom e de oferecer pra ela um pouquinho do meu amor de amiga, de prima, de irmã.
Eu olho pro tempo que pude tê-la por perto na minha vida e me sinto feliz e orgulhosa por Deus ter me permitido conviver e conhecer uma pessoa tão maravilhosa quanto ela.
Se eu pudesse encontrá-la mais uma vez daria um abraço uma beijoca estralada e diria que a amo e que a quero muito bem.
Agora veja só, não sei como terminar esse meu pequeno texto de memórias porque me parece algo que não tem fim. Acho que é porque ela nunca terá fim dentro de mim.

"Denise, eu te amo e eu te quero muito bem!"

terça-feira, maio 24, 2011

Pra mim

"Vem, me faz um carinho, me toque mansinho,
Me conta um segredo, me enche de beijo
Depois vai descansar, outra forma não há
Como eu te valorizo, eu te espero acordar"
(Tiê - Te Valorizo)


Na intensidade do que eu sinto, meu coração bate devagar, em ritmo lento. Pra o que eu sinto não tem pressa e nem preço. Eu fico quietinha, me encolho. Me escondo, fujo. Se fugir não sei quando volto. Sinto medo e confiança ao mesmo tempo. Me parece que o vento sopra a favor do meu coração. Me fecho, não falo mais nada. Fico na minha, cuidando só de mim. Chega uma hora que eu também preciso de cuidado e de carinho. Você, que não sabe cuidar de mim, precisa aprender a andar sozinho. Quem sabe se um dia não anda na minha direção? Quem sabe quando você vir eu não esteja mais? Pode ser que eu tenha seguido o caminho do meu coração sozinho. Ou não. Vai saber? Eu deixo o vento soprar a meu favor e eu me deixo ir pra onde for. Eu sempre vou. Eu não páro e sigo o tempo todo. Perdi as coisas que deixei pra trás, não sei onde foram parar. Parece que nem aconteceram ou nem existiram. Fiquei neutra, novinha em folha. Senti tudo novidade (e tenho sentido tudo assim). Não te imagino como não és. Eu te deixo ser quem tu és porque é assim que tem que ser e é assim que é. Aqui nas batidas ritmadas do meu coração, a dança é leve, quase consigo flutuar quando fecho os olhos. Gosto do barulho gostoso que escuto e sinto. Às vezes deixo minhas mãos dançarem no ar. Eu quero carinhos pra mim. Eu quero cuidados pra mim. Eu quero ser sua flor. Eu te quero pra mim.


"Não vou te acompanhar
Espero que entenda e volte pra cá"

domingo, maio 22, 2011

Você é

Você é a minha terceira vez real. Eu sou (?) a sua também. Você é a minha sétima vez. E aí empatamos. Você serve onde ninguém mais me serviu. "Você é muito gentil, confuso e despenteado". Você me faz rir com cócegas que machucam. E você machuca meu coração quando não sabe como receber o que tenho pra te dar. Poderia te dar um milhão de palavras juntas num potinho. Em troca você faria uma miniatura de você e me daria pra guardar. Levaria esse mini-você pra todo o lugar que eu fosse. Eu cuidaria de você, te colocaria pra dormir, te contaria todas as nóias que também passam pela minha cabeça. Eu te ensinaria a ser leve como ninguém jamais conseguiu ser. Eu te levaria no bolso, cuidaria pra não te deixar cair. Não quero que você seja em partes. Gosto que você seja inteiro, não pela metade.
Você é aquilo que cresce em mim. Não sei bem quem é você. Eu te conheço muito bem. Faria um manual sobre você, mas não quero ensinar pra mais ninguém o jeito certo de chegar dentro de ti. Você é a minha vontade de ficar e minha vontade de sumir. Você me dá vontade de enfrentar o que me dá medo. Você me dá vontade de divisão. Agora você é um pedaço meu andando solto e perdido por aí, não sei por onde. Eu sei onde você está e esse lugar não é longe de dentro de mim.
Ainda te darei palavras em potes, carinhos na colher. Você é um beijo na testa e um abraço escondido em outra pessoa. Você é quem eu quero fazer feliz. Você é reencontro e descoberta. Você é.

(...)

domingo, maio 01, 2011

Soltar as mãos

Passei horas e horas seguidas pensando em milhares de coisas essa noite. Rolei na cama, não consegui dormir, porque a minha cabeça simplesmente não parava de pensar.
Sou muito imaginativa. Vim pra essa vida com essa habilidade incrível de imaginar e desejar o que imagino. Pensei que estaria em algum lugar qualquer com você, que pediria um abraço e que conseguiria te falar tudo o que tenho aqui guardado, querendo sair.
Ainda não tinha parado pra pensar em tudo de uma forma assim, tão junta... sei lá.
Imaginei que poderia te dizer, sem exitar, que a forma que carinho que tenho por ti só cresceu porque eu não me cuidei. Eu deveria ter ficado mais atenta. Mas fui deixando a coisa andar, sei lá pra que rumo... Até que tudo parou e me deixou mais sem rumo nenhum. Não digo isso porque minha vida, minhas coisas, qualquer parte da minha vida esteja perdida. Mas minha cabeça ficou meio aérea. Fiquei pensando que sinto falta da maneira como me dás carinho, como me abraça e me serve. E eu gosto da maneira como tu segura a minha mão e a acaricia. Gosto de ouvir todos os teus problemas e tentar encontrar solução pra todos eles. Eu acabei me perdendo um pouco porque sou muito coração, mas achei que estivesse segura se não dissesse muitas palavras que as pessoas usam pra definir o que acontece entre duas pessoas. Não tinha necessidade de entrar em algo que misturasse outras pessoas além apenas de nós dois. Queria que tudo tivesse continuado como estava porque pra mim, parecia que estava bom. Eu estava em um estado confortável. Estava te dando meu carinho e minha atenção sem esperar nada além de carinho e respeito de volta. Nem eu estava deixando o que tínhamos crescer. Pode ser que eu também estivesse me sabotando pra o que fosse bom, assim como eu vejo que tu faz. Se tu não tivesses conversado comigo naquela segunda-feira e me dito que estavas com medo de onde nossa relação fosse parar, uma hora ou outra, quem te chamaria pra ter essa conversa seria eu. Mas eu não te pediria pra se afastar de mim. Eu te pediria pra me acordar e ver que não precisamos de nenhum rótulo convencional pra termos alguma coisa, assim, de coração. Eu sou muito boba e tu és muito sortudo. Na vida, tu teve a sorte de não precisar estar sozinho pra enfrentar os problemas, qualquer coisa. Tu sempre tiveste a sorte de ter um amor pleno do teu lado. Eu não. Sempre me perdia e tive que enfrentar todos os monstros da minha cabeça sozinha. Não tinha nenhuma mão pra me ajudar a seguir e nenhum abraço pra me segurar se eu caísse. Nesse aspecto eu te invejo um pouco, porque sempre tive que me virar sozinha. E quando eu digo sozinha, é sozinha mesmo. Acho que por isso sempre li muito... encontrava consolos, caminhos dentro de tudo o que eu lia. Agora veja só... que coisa mais clichê, qualquer pessoa pode se encontrar assim em palavras... desse modo eu não sou assim tão "grande coisa", ? Eu não sei fazer muitas coisas que eu gostaria. Queria saber desenhar, ou cantar ou sei lá, até escrever bem. Sei que gosto de escrever, mas me acho repetitiva.
Agora olha o que me passou pela cabeça... que é muito bom eu estar te escrevendo isso tudo porque tu estás vivo e pode ler e sei lá, me dizer o que pensa ou não me dizer nada. Mas tu pode receber isso na plenitude de estar vivo. E como é bom eu estar viva e conseguir colocar pra fora as coisas que eu sinto.
Tu sabes que eu não sou perfeita e que estou bem longe disso. Mas eu sei que tenho um coração bom e que ele não quer machucar ninguém e muito menos não quer machucar a mim. Sou muito boba mesmo. Fico tentando encontrar defeitos em mim, coisas que possam ter te afastado, mas nesse meu estado de abstinência de você, onde eu pensei muito-muito, não consigo encontrar. Sei lá, talvez eu tenha sido dispersa demais... ou tenha te deixado livre demais. Eu faço isso... eu deixo as pessoas livres e tento fazê-las enxergar as coisas de forma a que não sofram com as decisões e que saibam das consequências daquilo que escolhem. Aí passa pela minha cabeça que não escolher continuar comigo é direito teu. Direito de não receber algo que eu sei que seria bom.
Mas pra não me perder, eu queria te dizer que gosto de ti por tu ser assim, desse jeito que tu és. Cheio de medos, de monstros na cabeça, de problemas e sei lá mais o que mais pode se passar na tua cabeça.
Eu pensei que queria ser uma fuga pra ti... pra fugir dos teus problemas e do que mais quer que fosse.
Eu gosto do tom da tua voz e de como consigo escutar o que tu me diz sem tentar encontrar qualquer sentido por trás de tudo. Dessa forma mais prática que tu tens. E eu gosto da maneira como tu caminha, que sei lá, me incomoda um pouco, mas eu gosto mesmo assim. Eu gosto dos teus abraços, do teu cheirinho... gosto praticamente de tudo. Talvez até tenha sido bom terminar... não tive tempo de conhecer teus defeitos mais graves e nem tu conhecer os meus.
Talvez, a próxima vez que nos encontrarmos tu me aches estranha demais, ou eu mesma te ache estranho... não sei, essas coisas acontecem.
Mas queria continuar de mãos dadas contigo. Que pena que tu me soltou. Vou te respeitar, mas só precisava que tu soubesse do jeito que gosto de ti.

sexta-feira, abril 22, 2011

Por estar perdida

Caminhei sem rumo. Deixei o vento me segurar a mão e fui, pra lugar nenhum. Não ouvi som nenhum. Talvez tenha saído pra te encontrar. Talvez pra não mais te ver. Fiquei sem um pedaço de chão ou sem nenhuma seta me apontando pra onde ir. Imaginei mil coisas. Vi olhares superficiais e pessoas com máscaras. Que pena, quem usa esse tipo de máscara não consegue ao menos ser livre por si mesmo. Fica se prendendo em superficialidades, se escondendo atrás de risadas, de falta de abraços. Não consigo usar máscaras. Sou inteira quase o tempo todo. Quando sinto assumo. Quando me dói, me dói em tudo. Fico dolorida até no olhar. Me distraio pra não pensar que ando perdida, mas acabo saindo sem encontrar o rumo. Onde será que está você? Em que será que está pensando? Será que tem parado pra pensar ou ainda foge do que pode ter solução? Não sei o que eu sinto exatamente. Ou sei, mas não digo. Mas hoje, exatamente nesse dia tão lindo de sol e silêncio, vou tentar. Tentar sei lá o que, mas quando se está vivo é que se deve fazer. Tentar. E é assim, talvez eu volte a caminhar ou não. Eu não quero mais falar nada. Agora eu preciso ouvir. As coisas estão muito desconexas. Não sei mais nem onde eu estou e porque eu estou. Mas eu garanto, nada é tão grave quanto parece. E nem tão simples quanto eu faço parecer.

quarta-feira, abril 20, 2011

Crescer, avenca

Você, minha pequena avenca, acha que pode assim, cortar as próprias raízes? Acha que tem o direito de não se deixar crescer pra virar árvore frondosa que me faz abrir janelas? Eu te dei terra boa, adubo. Te deixei crescer assim, dentro de mim. Te reguei, te coloquei no sol pra crescer mais bonita. Minha avenca, porque cortar tuas raízes? Porque não ter coragem de crescer em mim? Eu gosto muito de você, plantinha. Queria te ver crescer. Queria te ver virar casa pra passarinho, sombra larga. Queria tirar o que fosse ruim, podar os galhos secos pra te ver crescer mais bonita. Queria continuar cuidando de você. Ainda há terra boa pra te replantar. Tem-se que esperar a lua certa, aí sim você volta, ou morre de vez. Vou assim, esperando o tempo passar e vivendo. Vivendo.

segunda-feira, abril 18, 2011

Mapa

É preciso desatar as amarras e se balançar bem alto. É preciso deixar-se ir. Estou fazendo um mapa, pra desvendar um segredo bem secreto. As dicas virão com o tempo e bem devagar. É preciso andar um passo de cada vez e sentir a terra no chão. Deixar o coração leve e a cabeça nas nuvens. No chão apenas os pés. As mãos devem segurar apenas laços de fitas. E da boca apenas palavras doces. Não deve haver aspereza e nem mentiras que se acham verdade. Deve-se ter certeza mesmo que for dúvida. O que for preciso deve ser feito e assim o mapa estará pronto. Pra chegar no tesouro que é segredo é preciso tempo, que se tem pra vida toda. Tem-se que deixar o tempo passar, os dias correrem. Eu gosto de andar assim, devagar. Contando os passos pra desenhar no mapa. Um dia eu conto sobre cada pedaço que vejo em você e cada lugar onde esse mapa pode levar. Até mesmo se for em mim.



(Quem é você, afinal?)

domingo, março 20, 2011

Eu canto pra você

Agora quem canta pra você sou eu. Escuto ainda tua voz entoando meus versos e ouço a tua risada. Te ouço dizendo o quanto eu te fazia feliz por tão pouco e de tão longe. Agora eu canto pra você com o peito cheio de saudade. Violão e girassol. Sempre tem você saindo da minha voz. Eu abraço algumas pessoas como se estivesse te abraçando. E eu me solto do que for pesar pra ter o coração leve como o seu. Eu me deixo sonhar com anjos e te encontro no meio deles. Você é tanta presença pra mim que não sei o que fazer com a falta que me faz. Eu me aperto de saudade. Escuto carinho nas músicas que poderiam ter sido cantadas por você. Vou a praia e me lembro que estarias lá comigo. Olho no espelho do meu banheiro e me lembro de quando você veio me ver pela primeira vez. Me lembro de ti com o sol dos dias frios e dos dias de verão. Me lembro de você com amor de criança. Tenho muita saudade, Denise! Espero que você esteja tão bem quanto aquele arco-íris que apareceu quando você virou ausência. Você nunca vai conseguir ser ausência, porque você é muita vida dentro de mim. Você me dá vontade de viver coisas novas, de cantar pra você. Um dia eu sei que ainda vou te reencontrar. Num lugar lindo, perto daquela árvore do anjo que eu sonhei. E não vai mais faltar presença pra ninguém. Você também é família pra mim. Não me importo que tenhas partido antes, porque não te tiro da minha vida de jeito nenhum. Amo e sempre vou amar. Você e tudo o que me ensinou e me deixou. Você é vida dentro de mim. Vou sorrir, abraçar e cantar por você. Eu te prometo ser feliz.

quarta-feira, março 16, 2011

Pra ser o que for

Só quero ser feliz. Não me rotulem. Nem a mim e nem ao meu coração. Não digam que algo é isso ou aquilo. Que algo vai ou que fica ou que foge. Não digam nada. Me deixem ser feliz sem dar nome pra felicidade. Me façam o favor de respeitar o meu sentido sem nome. Me deixem respirar. Escolher. Ir. Não ir. Me deixem. Não roubem meus sentidos. Não roubem a minha liberdade. Me deixem criar o que eu quiser dentro ou fora de mim. Me deixem sorrir. Me deixem chorar. Gargalhar. Suspirar. Me deixem ser. Me deixem fazer. Me permitam ser o que eu quiser ser. Me deixem ir pra onde eu quiser ir. Se for pra dentro, me deixem vir. Me soltem. Me deixem livre pra fazer o que for. Pra fazer nada. Me deixem ser Gabriela, Maria, Dolores. Me deixem ser aquilo que for pra ser. Me deixem cantar. Ler. Escrever. Me deixem andar sem nome pra nada. Me deixem seguir o caminho que for. Eu estou livre de mim. Eu estou comigo. Eu fico assim. Fico feliz e não. Fico ansiosa. Me deixem duvidar. Me deixem voar. Me deixem ser quem for.

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Amar-se

Quando você decide se colocar no centro da sua própria vida, das suas vontades, criações, paixões ou seja lá o que for, então nada mais vai te decepcionar com tanta força. O bom de ser o centro de si mesmo é que se você fizer algo errado ninguém vai poder te culpar, porque o erro foi só seu e pra si. A gente demora um pouco até entender a diferença entre amor-próprio e egoísmo. Saber-se dono de si não é ser egoísta, é ter consciência de que certas coisas que fizer só irão prejudicar a si mesmo. Não sou egoísta quando o assunto é amizade, porque não há competição. É um jogo limpo, onde todos sempre vencem. Entretanto, quando o assunto é coração, amores, paixões, tive que levar muitas na cara pra entender que se não houver o tal do amor-próprio e o tal de "colocar-se em primeiro lugar" nunca haverão vencedores. O empate terá sempre saldo negativo. Carinho não se implora e nem se agradece. Carinho é coisa pra receber e transmitir. Mais uma vez, depois de uma longa noite de sono, a resposta me veio à mente como uma fonte de água límpida. Não há segredos, só há amor -próprio. E quem sabe se um dia eu não vá mudar de ideia, não é mesmo? Tudo é um ciclo e agora é a minha vez de curtir a paisagem de cima da roda-gigante.